Lições do Curso:
Lição 21 - Princípios Teológicos de Interpretação – Regra 2
Regra 2
Uma doutrina não pode ser considerada bíblica,
a menos que se resuma e inclua tudo o
que a Escritura diz sobre ela.
Meus amados! Que a graça e a paz do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo seja convosco... Como vão vocês?
O propósito básico desta regra de interpretação é determinar a verdade doutrinária do texto bíblico. É evidente que a Bíblia inteira é a Palavra de Deus; toda ela é verdade, e tudo nela é útil para nós. Mas é igualmente importante lembrar que nem tudo na Bíblia tem o mesmo valor, nem é útil da mesma maneira. Evidentemente a determinação da legitimidade da doutrina não implica que algumas partes da Bíblia não são verdadeiras e que algumas sejam. Entretanto, a verdade doutrinária (as passagens que declaram a vontade de Deus para o homem agora), é útil a nós de uma maneira mais particular pelo fato de exigir alguma coisa de nós de forma particular.
Por exemplo, estudando o Novo Testamento, verificamos que 2 João versículo 9 é diferente de 2 João versículo 12. 2 João versículo 9 proclama um princípio eterno, que é tão válido hoje quanto a quase dois mil anos quando a epístola foi escrita.
Este princípio é: “Todo aquele que prevarica e não persevera na doutrina de Cristo não tem a Deus...” 2 João 12 também é verdade, mas não proclama uma verdade eterna com implicações pessoais para nós hoje. “Tendo muito que escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta; mas espero ir ter convosco e falar de boca a boca...” De modo que, a doutrina é determinada pelas passagens que proclamam a vontade de Deus para os homens em todos os tempos.
O poder determinante das Escrituras
A doutrina cristã pode ser defendida como a substância e conteúdo da fé cristã. Uma parte específica desse conteúdo é a soma dos mandamentos que se relacionam diretamente com o comportamento cristão diário. Pela dificuldade de nos separarmos do nosso comportamento, nos círculos cristãos, o que podemos ou não podemos fazer, geralmente são assuntos de interesse e discussão. Às vezes o assunto se torna de difícil definição pela confusão que se faz entre práticas culturais e os mandamentos da Escritura.
A implicação razoável do que a escritura diz não é tão clara quanto o mandamento direto, mas deve ser considerada. Por exemplo, a bebedice é condenada na Escritura (1 coríntios 5:11; 6:10; Efésios 5:18; Gálatas 5:21). Daí pode ser razoavelmente deduzido das Escrituras que o uso de drogas deve ser condenado também, porque interfere na função normal da consciência.
Princípio eterno
O princípio eterno deve ser levado em consideração na observância dessa regra de interpretação, embora às vezes seja menos claro nas Escrituras do que o mandamento direto (Efésios 5:1-2).
Na discussão do problema de alimento oferecido a ídolos, em 1 Coríntios 8, podemos ver um exemplo tanto do princípio eterno como da consciência. A diferença está na maneira de vê-lo. Na posição de Paulo podemos ver um princípio eterno: O da consideração para com o irmão fraco. Para Paulo, comer carne sacrificada a ídolos não significava nada. Mas, por causa daqueles que estavam à sua volta e que pensavam que isto implicava em pecado, ele não comia. Portanto, a preocupação de Paulo partia do motivo de não vir a ser razão de escândalo para os outros (1 coríntio 8:13)
Em 1 Coríntios 8:10, vê-se o princípio da consciência operante na pessoa fraca: “Porque, se alguém te vir a ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a comer das coisas sacrificadas aos ídolos?”
É interessante notar que se você realmente acredita que algo é pecado (quer o seja ou não pelos padrões bíblicos aqui discutidos) e você age contra a sua própria consciência, o ato praticado se torna em pecado para você; não por causa do ato em si mesmo, mas pelo espírito de desobediência em sua motivação.
Meus irmãos, podemos concluir que é errado chegar a conclusões acerca de determinada doutrina antes de estudar tudo o que a bíblia diz sobre o assunto.
Aparentes incoerências
A falta de diligência na busca de argumentos bíblicos legítimos pode levar o crente descuidado a não poucos impasses no momento de definir uma verdade doutrinária.
Imaginemos o seguinte quadro. Você abre sua Bíblia em 1 João 3:6-10.
6 Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.
7 Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo.
8 Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.
9 Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: qualquer que não pratica a justiça e não ama a seu irmão não é de Deus.
Ao ler essa passagem você poderia concluir que o cristão não peca. Ou, se o cristão peca, já não é cristão. Se fosse essa a interpretação correta, então só Jesus seria digno de entrar e permanecer no céu, pois Ele é a única pessoa sem pecado que já andou na terra – quer dentre cristãos, quer dentre os não cristãos.
O crente e o pecado
Para compreender bem o problema do pecado e o crente, devemos estudar o texto supracitado em harmonia com outros que vêm antes dele na mesma epístola, como por exemplo:
1 João 1:8-9
8 Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
1 João 2:1
1 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.
O que o apóstolo João mostra é que em termos de pecado, há uma grande diferença entre o ímpio e o crente perdoado. Pela regeneração em Cristo, o crente é feito uma nova criatura; o pecado já não faz parte do seu dia-a-dia, no entanto ele pode sofrer um “acidente” espiritual, enquanto que o ímpio é em si mesmo um acidente constante. Ainda que haja diante do crente a constante possibilidade de pecar, ela opta por não pecar. Ele sabe que o salário do pecado é a morte, por isso o evita. O pecado que antes lhe era regra, hoje lhe é uma exceção; foi por isto que João escreveu: “Se, todavia, alguém pecar...”
O crente não foi liberto para continuar no pecado, contudo ainda está sujeito a sofrer a sua influência.
Você se lembra que há uma abundância de passagens no Novo Testamento que dizem que você não está debaixo da lei (Romanos 3:28 - Gálatas 5:18). Por ventura essas passagens nos induzem viver vida dissoluta? De maneira alguma! Tal conclusão é rechaçada pelo apóstolo Paulo na sua epístola aos Romanos (Romanos 6:1-4).
O que é importante exige trabalho e requer um preço. Isto é verdade quanto à formação de convicções vitais. Requer-se cuidadoso e completo estudo da Bíblia. Não existe atalho. Os seus estudos doutrinários constituem a espinha dorsal das suas convicções espirituais, e, por sua vez, só pode chegar a estas estudando tudo o que a Bíblia diz sobre o assunto. Aquele que se dá ao trabalho de apenas arranhar a capa da Bíblia, ou seja, de analisá-la apenas superficialmente, será um pregador superficial de generalidades fúteis, que em nada edificará a si mesmo, tampouco aos seus ouvintes.
Que Deus abençoe a todos!
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Iremos receber, analisar e logo depois confirmaremos sua presença.
1 – Uma doutrina (pode – não pode) ser considerada bíblica, a menos que resuma e inclua tudo o que a Escritura diz sobre ela.
2 – É importante lembrar que (nem tudo – tudo) na Bíblia tem o mesmo valor (e – nem) é útil da mesma maneira.
3 – A doutrina cristã (pode – não pode) ser definida como a substância e conteúdo da fé cristã.
4 – A implicação razoável do que a Escritura diz (não é – é) tão clara quando ao mandamento direto.
5 – O princípio eterno (não deve – deve) ser levado em consideração na observância dessa regra de interpretação.